2.4 Quando a testagem para detecção de TB infecção não é recomendada?
Essa seção apresenta as várias situações em que a testagem para detecção de TB infecção não é recomendada
Essa seção apresenta as várias situações em que a testagem para detecção de TB infecção não é recomendada
A testagem para detecção de TB infecção será benéfica do ponto de vista individual e programático se identificar as pessoas que mais se beneficiarão do TPT. Do ponto de vista programático, os investimentos na capacidade de testagem da TB infecção serão justificados se resultarem em maior eficácia e eficiência no uso de recursos para a oferta do TPT, maior aceitação e aumento da cobertura. Isso inclui não apenas o custo dos medicamentos, mas também os recursos humanos para fazer a avaliação médica, dar início ao tratamento e fazer o seguimento do TPT.
Diversos estudos já identificaram fatores de risco para TB doença em pessoas com resultado positivo ou negativo no teste para detecção de TB infecção; esses fatores de risco podem ser epidemiológicos (por exemplo, contatos), demográficos (por exemplo, idade) ou clínicos (por exemplo, infecção pelo HIV). Recentemente foi realizada uma síntese desses estudos, com a apresentação de estimativas agrupadas de riscos absolutos e relativos, em uma metanálise de dados agregados (6) e em duas grandes metanálises de dados individuais de pacientes (4, 5).
A decisão de aplicar o teste de TB infecção implica a intenção de oferecer TPT. Portanto, o teste de TB infecção deve ser reservado para populações nas quais o risco de desenvolver TB doença seja alto e que serão as mais beneficiadas pelo TPT. A decisão de iniciar o TPT deve sempre considerar o risco de eventos adversos do medicamento, além dos sintomas da TB e do resultado do teste para detecção da TB infecção. O Quadro 2.1 resume os grupos-alvo recomendados pela OMS para o TPT; a testagem não é obrigatória para os grupos 1 a 3.
Este manual destina-se a programas de tuberculose e HIV e outros especialistas envolvidos no planejamento e implementação de programas novos ou ampliados para a testagem de TB infecção. Também se destina às pessoas envolvidas em capacitação, monitoramento e supervisão, bem como aos provedores de serviços que realizam esses testes. Os anexos fornecem detalhes adicionais e materiais educativos sobre esses testes para provedores e pacientes.
Este manual analisa quem deve fazer o teste de TB infecção e os motivos e formas de testagem em contextos programáticos. São fornecidas informações sobre testes específicos para detecção de TB infecção, desde a PT original até os TBST recém-aprovados, além de IGRA baseados em amostras de sangue, que são categorizados como testes que medem a produção de interferon-gama por meio de métodos baseados em ensaio de imunoadsorção enzimática (ELISA) ou ensaio ImmunoSpot de imunoadsorção enzimática (ELISPOT).
Identificar, testar, avaliar e tratar pessoas com TB infecção é um processo com várias etapas que foi denominado cascata de cuidados da TB infecção (15). A cascata é descrita em detalhes no Capítulo 4. Resumindo, ela compreende várias etapas que podem envolver os profissionais de saúde de diferentes locais. Podem ocorrer perdas em cada etapa da cascata de TB infecção. Uma revisão sistemática mostrou que, em decorrência dessas perdas, menos de 20% das pessoas elegíveis para TPT completaram o tratamento medicamentoso (15).
Em 1908, Mantoux realizou o primeiro teste intradérmico para detecção da TB infecção usando M. tuberculosis morto (9). Os princípios básicos desse teste não mudaram em mais de 100 anos, o que faz da prova tuberculínica (PT) um dos testes mais antigos ainda em uso clínico. O teste cutâneo que é amplamente empregado atualmente consiste na injeção intradérmica de um derivado proteico purificado (PPD, na sigla em inglês) de cultura de M. tuberculosis inativada por calor, com medição da enduração resultante 48 a 72 horas depois.
A tuberculose (TB) infecção é um estado de resposta imune persistente aos antígenos de Mycobacterium tuberculosis sem nenhuma evidência de manifestação clínica da TB doença (1). Pessoas que têm TB infecção não apresentam sinais ou sintomas de TB doença, não transmitem a doença, têm imagens normais ou estáveis na radiografia de tórax e os testes microbiológicos, quando realizados, são negativos (1). Estima-se que cerca de 25% da população mundial tenha sido infectada por M.