1.2 Testes para detecção de TB infecção recomendados atualmente pela OMS

Em 1908, Mantoux realizou o primeiro teste intradérmico para detecção da TB infecção usando M. tuberculosis morto (9). Os princípios básicos desse teste não mudaram em mais de 100 anos, o que faz da prova tuberculínica (PT) um dos testes mais antigos ainda em uso clínico. O teste cutâneo que é amplamente empregado atualmente consiste na injeção intradérmica de um derivado proteico purificado (PPD, na sigla em inglês) de cultura de M. tuberculosis inativada por calor, com medição da enduração resultante 48 a 72 horas depois. Embora padronizado, o PPD é composto por uma mistura heterogênea de antígenos de TB, o que resulta em reatividade cruzada significativa com outras cepas do complexo M. tuberculosis – principalmente o bacilo Calmette-Guérin (BCG) e micobactérias não tuberculosas (10–12) –, reduzindo a sua especificidade.

Nos últimos 20 anos, foram desenvolvidos testes mais específicos para a TB infecção; esses testes usam principalmente a proteína do alvo antigênico precocemente secretado de 6kDa (ESAT-6) e a proteína de filtrado de cultura de 10 kDa (CFP-10), antígenos que são encontrados no M. tuberculosis, mas que não estão presentes no BCG ou na maioria das espécies de micobactérias não tuberculosas (13). A testagem desses dois antígenos foi realizada por meio de ensaios de liberação de interferon-gama (IGRA, na sigla em inglês) em uma amostra de sangue. Esses testes medem a produção de interferon-gama a partir do sangue total ou de linfócitos circulantes após incubação in vitro de um dia para o outro na presença de ESAT-6 e CFP-10. Mais recentemente, foram disponibilizados no mercado testes cutâneos intradérmicos para detectar esses dois antígenos (testes cutâneos baseados em antígenos de M. tuberculosis [TBST]). Desde 2022, a OMS recomenda o uso dos novos TBST como forma de testagem para detecção de TB infecção, juntamente às recomendações mais antigas sobre IGRAs e PT (Quadro 1.2).

Quadro1-2

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