1.1 Fundamentação do teste para detecção de tuberculose infecção

A tuberculose (TB) infecção é um estado de resposta imune persistente aos antígenos de Mycobacterium tuberculosis sem nenhuma evidência de manifestação clínica da TB doença (1). Pessoas que têm TB infecção não apresentam sinais ou sintomas de TB doença, não transmitem a doença, têm imagens normais ou estáveis na radiografia de tórax e os testes microbiológicos, quando realizados, são negativos (1). Estima-se que cerca de 25% da população mundial tenha sido infectada por M. tuberculosis (2), dos quais 5% a 10% desenvolverão a TB doença ao longo da vida (3). Esse risco é muito maior em pessoas com determinados fatores epidemiológicos (por exemplo, contato recente com TB pulmonar com confirmação bacteriológica), características sociais (viver em condições de superlotação e ventilação inadequada, baixo nível socioeconômico ou desnutrição) e características demográficas (por exemplo, crianças muito pequenas) ou quadros clínicos que comprometam o sistema imune (por exemplo, infecção por HIV ou medicamentos imunossupressores) (3–6). O tratamento preventivo da tuberculose (TPT) em pessoas com esses fatores de risco pode proporcionar importantes benefícios individuais e de saúde pública. Entretanto, a implementação do TPT traz vários desafios em termos de priorização programática, relutância dos profissionais de saúde em tratar pessoas assintomáticas, adesão ao tratamento, disponibilidade de medicamentos e formulações apropriadas, custos, ônus para os sistemas de saúde e para as pessoas envolvidas e acesso a testes gratuitos para detecção de TB infecção. O TPT pode induzir reações adversas aos medicamentos (embora raramente sejam graves) em pessoas que são saudáveis em termos gerais. Por isso, o TPT é recomendado somente para grupos com alto risco de desenvolver TB doença (1), nos quais os benefícios do TPT claramente superam os riscos. O Quadro 1.1 lista as recomendações atuais da Organização Mundial da Saúde (OMS) que são pertinentes para a oferta de TPT.

O risco de TB doença é maior entre as pessoas de qualquer idade (sobretudo crianças e adolescentes), condição de saúde ou fator de risco epidemiológico que têm resultado positivo em um teste para detecção de TB infecção do que em pessoas com os mesmos fatores de risco, mas com resultado negativo (4–6). Além disso, esse teste é útil porque pessoas com resultado positivo têm maior probabilidade de se beneficiar do TPT do que as que apresentam resultado negativo (7, 8). Portanto, o TPT será mais benéfico para a saúde pública e individual se for orientado por uma avaliação de risco juntamente com os resultados de testagem para detecção de TB infecção. Assim, a ampliação do TPT para atender aos requisitos globais cria a necessidade de estabelecer capacidade de testagem para detecção de TB infecção em larga escala.

Quadro1-1

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