3.4 Subgrupos

Este esquema de 6 meses pode ser usado em todos os subgrupos, inclusive PVHA e crianças. Pode ser administrado também a pacientes com TB extrapulmonar, exceto em TB com acometimento do sistema nervoso central e em formas osteoarticulares de TB.

3.4.1 Pessoas vivendo com HIV/aids

As interações da rifampicina (pilar do tratamento da TB) com a terapia antirretroviral (TARV) são motivo de preocupação na TB associada ao HIV. Quando se usa o esquema de 6 meses com rifampicina, essas interações medicamentosas podem reduzir a concentração dos fármacos antirretrovirais. Em 2016, a OMS publicou considerações importantes para o manejo do tratamento concomitante da TB e da infecção por HIV (23). Recomendou-se o tratamento padrão, contendo rifampicina, da TB associado a uma TARV que inclua efavirenz. Por outro lado, as principais associações contraindicadas de fármacos foram rifampicina com nevirapina e inibidores de protease. Para pessoas com TB associada ao HIV em tratamento com esses fármacos, sugeriu-se que a rifabutina (quando disponível) seria um substituto adequado para a rifampicina.

A rifampicina reduz as concentrações plasmáticas de dolutegravir, medicamento usado no tratamento da infecção por HIV, o que provocou preocupação com a eficácia e o surgimento de resistência do HIV em razão das menores concentrações de dolutegravir. Nesses casos, a recomendação da OMS é ajustar a dose, com a administração de 50 mg de dolutegravir duas vezes ao dia (em vez de uma única dose diária de 50 mg) (23). Essas recomendações continuam vigentes, embora estejam surgindo evidências de que talvez não seja necessário duplicar a dose de dolutegravir. Um estudo realizado em Botsuana demonstrou a eficácia e a segurança de um esquema que contém dolutegravir na dose usual compatível com um esquema com efavirenz para pacientes com TB HIV-positivos tratados com rifampicina (24).

3.4.2 Crianças

Crianças com suspeita ou diagnóstico confirmado de TB pulmonar ou linfadenite periférica tuberculosa que vivem em locais com baixa prevalência de HIV ou de resistência à isoniazida, ou ainda crianças com sorologia negativa para HIV, podem ser tratadas com um esquema triplo (RHZ) durante 2 meses, seguido de um esquema duplo (RH) durante 4 meses, com a posologia especificada no Anexo 1. Pode ser necessário ajustar a posologia para conciliar o efeito da idade e a possível toxicidade em lactentes (20).

A redução do número de comprimidos proporcionada pelo uso das formulações em DFC recomendadas pode ser muito útil em pacientes com comorbidades (principalmente infecção por HIV) e crianças (que podem ter certa dificuldade para engolir uma grande quantidade de medicamentos). Portanto, é de suma importância haver formulações dispersíveis com sabor agradável criadas especificamente para crianças.

É provável que pacientes com alguns quadros clínicos específicos (p. ex., intolerância a alguns fármacos usados no tratamento da TB ou disfunção hepática ou renal) necessitem de ajuste individualizado da dose do medicamento; no entanto, isso só é possível com formulações que contenham um só fármaco.

Book navigation