1.2 Princípios do rastreamento da TB

O rastreamento sistemático da TB cumpre os critérios clássicos de rastreamento (8). Os seguintes princípios fundamentais devem ser considerados ao se planejar uma iniciativa de rastreamento da TB:

  • Princípio 1: O rastreamento da TB deve sempre ser feito com a intenção de fazer o seguimento com atendimento médico adequado e, idealmente, implementado onde haja serviços de diagnóstico e tratamento da TB de alta qualidade disponíveis. Se a comunidade não tiver acesso a cuidados de seguimento adequados, mas se beneficiaria do rastreamento da TB, isso deve servir de impulso para que o programa nacional de controle da TB invista em serviços de diagnóstico e tratamento a fim de complementar o rastreamento da TB.
  • Princípio 2: O rastreamento deve chegar às pessoas com o maior risco de desenvolver a TB doença, o que inclui grupos de alto risco e comunidades com alta prevalência de TB. A priorização dos grupos de risco para o rastreamento deve se basear numa avaliação dos potenciais benefícios e malefícios, da viabilidade e aceitabilidade da abordagem de rastreamento, do número necessário para rastrear (NNR) e da relação custo-efetividade do rastreamento em cada um dos grupos. Os benefícios e malefícios do rastreamento da TB em diferentes grupos e populações precisam de ser cuidadosamente avaliados para maximizar o bem comum e, ao mesmo tempo, minimizar os danos para as pessoas. A TB ameaça a saúde não só das pessoas afetadas, mas também de suas comunidades e da população em geral.
  • Princípio 3: O rastreamento da TB deve seguir os princípios éticos estabelecidos para o rastreamento de doenças infecciosas, incluindo a obtenção de consentimento livre e esclarecido antes de proceder ao rastreamento e a observância dos direitos humanos, e deve ser concebido de modo a minimizar os riscos de desconforto, dor, estigmatização e discriminação. O consentimento informado é um direito básico e uma forma importante de respeitar a autonomia de uma pessoa.
  • Princípio 4: A escolha do algoritmo de rastreamento e diagnóstico baseia-se na avaliação da acurácia do algoritmo para cada grupo de risco, bem como na disponibilidade, viabilidade e custo dos testes de rastreamento. Após um resultado positivo no teste de rastreamento, o diagnóstico de TB deve ser confirmado antes de o tratamento da TB ser iniciado.
  • Princípio 5: Deve haver sinergias entre o rastreamento da TB e a prestação de outros serviços sociais e de saúde. A melhor maneira de identificar tais sinergias é mediante o desenvolvimento e implementação de abordagens de rastreamento para diferentes populações-alvo, que podem ter padrões específicos de utilização dos serviços sociais e de saúde.
  • Princípio 6: Espera-se que a estratégia de rastreamento maximize a cobertura e a frequência do rastreamento a fim de atingir os seus objetivos. É necessário haver monitoramento regular para fundamentar qualquer repriorização dos grupos de risco, a utilização de recursos, a adaptação das abordagens de rastreamento e a suspensão do rastreamento. Isso inclui avaliar o risco de diagnósticos falso-positivos resultantes do rastreamento.

 

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