7.2 Composição e duração do esquema

Em adultos, tanto a TB pulmonar quanto a TB extrapulmonar podem ser tratadas com os mesmos esquemas, e o esquema básico é o 2RHZE/4RH, de 6 meses. À parte das recomendações da OMS, alguns especialistas sugerem 9 a 12 meses de tratamento para a meningite tuberculosa (devido ao grande risco de incapacidade e morte) (40) e 9 meses de tratamento para a TB osteoarticular (dada a dificuldade de avaliar a resposta ao tratamento) (40, 43-45).

O tratamento da TB extrapulmonar é semelhante ao da TB pulmonar e está fundamentado no esquema de 6 meses 2RHZE/4RH; entretanto, o esquema pode ser prolongado até 12 meses na meningite tuberculosa, na TB osteoarticular ou em outros tipos de TB extrapulmonar, conforme a decisão dos médicos. O esquema de 4 meses 2HPMZ/2HPM não foi estudado na TB extrapulmonar e, portanto, não pode ser recomendado no momento. Além disso, o diagnóstico de TB extrapulmonar geralmente é mais difícil, e a avaliação dos desfechos pode ser mais complexa em vista da ausência de evidências bacteriológicas na maioria dos pacientes e da necessidade de métodos seccionais de diagnóstico por imagem. Como resultado, há poucas evidências de qualidade sobre esse tipo de TB.

Após a infecção pelo M. tuberculosis, crianças pequenas correm grande risco de desenvolver as formas mais graves da doença; entre elas, a mais devastadora é a meningite tuberculosa, que acomete sobretudo crianças pequenas (idade mais frequente de início: 2 a 4 anos). Atualmente, para o tratamento da meningite tuberculosa em crianças, a OMS recomenda um esquema de 12 meses, que consiste na administração diária de rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol nos primeiros 2 meses, seguida de administração diária de rifampicina e isoniazida por outros 10 meses (2RHZE/10RH) (20). As doses recomendadas nesse esquema são as mesmas usadas no tratamento da TB pulmonar. Esse esquema pode ser administrado a todas as crianças e adolescentes, mesmo quando a sorologia para o HIV é positiva.

Há ainda a recomendação condicional de um esquema encurtado como alternativa. Esse esquema encurtado é recomendado para crianças e adolescentes com meningite tuberculosa com confirmação bacteriológica ou diagnosticada clinicamente (sem suspeita ou indícios de TB-RR/MR); é um esquema intensivo, com administração de rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etionamida durante 6 meses (6RHZEto) (20). Sempre que possível, é preferível usar medicamentos em DFC, dispersíveis e adequados para crianças.

Em casos de TB não grave, pode-se usar o esquema de 4 meses 2RHZ(E)/2RH (consulte detalhes na Seção 5) em crianças e adolescentes com TB ganglionar periférica, TB ganglionar intratorácica sem obstrução das vias respiratórias e derrame pleural por TB sem complicações (1).

Crianças com TB ganglionar periférica foram incluídas no estudo SHINE, e os resultados mostraram que o esquema de 4 meses (2RHZ[E]/2RH) pode ser usado em crianças e adolescentes de 3 meses a 16 anos com TB ganglionar extratorácica, que se enquadra na definição de TB não grave (1). Esses resultados devem tranquilizar os médicos ante uma resposta clínica aparentemente tardia ao tratamento da TB, o que é frequente em crianças com TB ganglionar periférica (na qual a linfonodomegalia persiste mesmo após o tratamento).

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