3. Tratamento da TB-S com o esquema de 6 meses

Todos os pacientes com TB-S sem resistência confirmada à isoniazida e à rifampicina podem ser tratados com o esquema de 6 meses contendo rifampicina – 2RHZ(E)/4RH –, no qual se administram rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol por 2 meses, seguidos de rifampicina e isoniazida por 4 meses (1).

Esse esquema tem como base os estudos históricos sobre o tratamento da TB realizados pelo Medical Research Council do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte (Reino Unido) na década de 1980 (21) e foi amplamente adotado em todo o mundo. O esquema assegura um desfecho bem-sucedido em cerca de 85% dos pacientes em todo o mundo e tem uma baixa proporção de desfechos desfavoráveis e eventos adversos, embora a taxa de sucesso varie entre as regiões da OMS e seja menor em PVHA (1, 5). Estima-se que o esquema tenha evitado 66 milhões de mortes durante 20 anos (de 2000 a 2020).

A seguir, apresenta-se um resumo das principais recomendações da OMS incluídas nas diretrizes de 2022 da OMS para o tratamento da TB-S, com observações.

Novos pacientes com TB pulmonar devem receber um esquema que contenha 6 meses de rifampicina: 2RHZE/4RH.

(Recomendação forte, evidências de certeza alta)

Observações

  • A: Esta recomendação também se aplica à TB extrapulmonar, exceto TB do sistema nervoso central, óssea ou articular, para as quais alguns grupos de especialistas propõem um tratamento mais longo.
  • B: A OMS recomenda que os programas nacionais de controle da TB ofereçam supervisão e apoio a todos os pacientes com TB para assegurar a conclusão do ciclo de tratamento.
  • C: A OMS recomenda a realização de inquéritos (ou vigilância) de resistência aos fármacos a fim de monitorar a efetividade do programa de tratamento e definir esquemas terapêuticos padronizados.

De acordo com a recomendação da OMS, a melhor frequência de administração ao longo de todo o tratamento é diária, conforme indicado na recomendação a seguir:

Sempre que possível, a frequência ideal de administração para novos pacientes com TB pulmonar é diária durante toda a duração do tratamento.
(Recomendação forte, evidências de certeza alta)

A administração diária reduz em até 3,3 vezes a taxa de resistência adquirida aos fármacos quando se comparam pacientes que seguiram um esquema diário durante todo o tratamento a pacientes em que a administração foi intermitente (1). O efeito da omissão de uma ou mais doses (acidentalmente ou por falta de estoque) é muito maior se o esquema for intermitente. A frequência “diária” corresponde à tomada de medicamentos para TB nos 7 dias da semana. Em pacientes com TB-S, a OMS não recomenda administração três vezes por semana nem na fase intensiva nem na fase de manutenção do tratamento, conforme descrito na recomendação a seguir:

Em todos os pacientes com TB-S pulmonar, não se recomenda a administração três vezes por semana na fase intensiva nem na fase de manutenção do tratamento; a administração diária continua sendo recomendada.
(Recomendação condicional, evidências de certeza muito baixa)

A OMS recomenda o uso de comprimidos DFC, conforme indicado na recomendação a seguir:

No tratamento de pacientes com TB-S, recomenda-se o uso de comprimidos DFC em vez de apresentações individuais dos fármacos.
(Recomendação condicional, evidências de certeza baixa)

A OMS recomenda não prolongar a fase de manutenção do esquema de 6 meses em novos pacientes com TB pulmonar se a baciloscopia do escarro for positiva ao final da fase intensiva de tratamento, como indicado na recomendação a seguir:

Em novos pacientes com TB pulmonar que receberam esquema com rifampicina durante todo o tratamento, caso a baciloscopia do escarro seja positiva ao final da fase intensiva, não se recomenda prolongar a fase intensiva.
(Recomendação forte, evidências de certeza alta)

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